No final do dia, a única imagem
que ele conseguiu se lembrar foi a de um homem puxando uma carreta primitiva
cheia de bananas. Esse impressionante espetáculo foi o que de mais próximo à
sua própria experiência o chefe tribal pôde registrar e anotar na memória.
Todas as demais imagens de Singapura naquele dia não tinham significado algum
para ele.
Claro que ele viu os novos
edifícios, navios, carruagens, o tráfego, pessoas estranhamente trajadas
passeando pelas ruas, mas o que lhe faltava era uma moldura de referência para
essas novas imagens. Todos aqueles objetos podem ter ocupado o centro de sua
visão mas, para o mundo com o qual estava acostumado, eram periféricos. Ele não
estava preparado para recebê-los. Eles passaram pelos seus olhos e então se
perderam entre os milhões de sinapses de sua mente.
Podemos até nos considerar mais
sofisticados em matéria de tirar sentido das coisas do que aquele homem tribal,
mas a verdade é que com ele compartilhamos um dilema comum a todos os seres
humanos: na verdade só vemos o que estamos preparados para ver. Por mais
avançados e completos que sejam nossos sentidos de escopo e monitoramento,
ainda precisamos interpretar o que nos é dado ver.