quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Por Que Só Percebemos e Interpretamos o Que Queremos?

Exploradores britânicos levaram, no começo do século passado, um chefe tribal das remotas montanhas de uma isolada península da Malásia ao porto de Singapura. O objetivo deles era anotar o que e quanto aquele indígena que vivia como se estivesse na Idade da Pedra mais admiraria depois de um dia inteiro de “turismo” pelos navios, edifícios modernos, o mercado central e o trânsito já engarrafado daquela próspera cidade portuária.


No final do dia, a única imagem que ele conseguiu se lembrar foi a de um homem puxando uma carreta primitiva cheia de bananas. Esse impressionante espetáculo foi o que de mais próximo à sua própria experiência o chefe tribal pôde registrar e anotar na memória. Todas as demais imagens de Singapura naquele dia não tinham significado algum para ele.

Claro que ele viu os novos edifícios, navios, carruagens, o tráfego, pessoas estranhamente trajadas passeando pelas ruas, mas o que lhe faltava era uma moldura de referência para essas novas imagens. Todos aqueles objetos podem ter ocupado o centro de sua visão mas, para o mundo com o qual estava acostumado, eram periféricos. Ele não estava preparado para recebê-los. Eles passaram pelos seus olhos e então se perderam entre os milhões de sinapses de sua mente.

Podemos até nos considerar mais sofisticados em matéria de tirar sentido das coisas do que aquele homem tribal, mas a verdade é que com ele compartilhamos um dilema comum a todos os seres humanos: na verdade só vemos o que estamos preparados para ver. Por mais avançados e completos que sejam nossos sentidos de escopo e monitoramento, ainda precisamos interpretar o que nos é dado ver.

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