No filme "Maré Vermelha", com Gene Hackman e Denzel Washington, o conflito entre os principais personagens - o comandante e seu principal oficial - é gerado por uma questão de percepção. O submarino nuclear está recebendo uma mensagem do alto comando.
A transmissão é interrompida logo após a introdução. Sabe-se que a mensagem diz respeito ao lançamento de mísseis. Mas seu conteúdo principal - a ordem - não chega a ser impresso pelo sistema e o submarino fica incomunicável. Para o comandante, o que foi recém-impresso não tem significado algum. Trata-se apenas de um "fragmento de mensagem" e portanto deve-se cumprir a ordem anterior, que havia sido recebida por inteiro. No entanto, para o seu principal oficial, esse não é o curso de ação correto, pois há uma nova mensagem importante, ainda que não visível.
Uma empresa líder em seu ramo está começando a perder terreno e declinar. As conversas de corredor revelam que a briga por poder está se acirrando. Há muitos "feudos" competindo entre e os "subterrâneos" da empresa estão ficando cada vez mais pesados: muita fofoca, politicagem e jogos desleais. O mais surpreendente de tudo é que a diretoria parece ignorar tudo isso. "Lá em cima" ninguém fala sobre essas coisas.
Esses exemplos revelam o quanto muitas organizações só conseguem lidar com o que está explícito, ignorando fatores-chave como a confiança das pessoas na empresa, em seu propósito e valores e em seus líderes.
Até que ponto essa lacuna explica muito dos problemas concretos das organizações?
O ponto central é: o que, na verdade, os líderes gerenciam nas organizações? Parece que o foco da gestão ainda está fortemente vinculado ao visível, ao concreto, ao quantificável. O grande desafio parece estar em descobrir como atuar sobre o todo, tanto o visível quanto o invisível. E o invisível no sentido mais amplo, que transcende em muito o tradicional intangível.
Cada vez mais será demandado dos líderes trazer o invisível para a mesa de decisão e para o dia a dia das pessoas.