Ao sair para trabalhar pela manhã, o seu carro não funciona; você
não recebeu uma informação importante para compor aquele relatório que tem que
entregar nos próximos dez minutos; há rumores de que sua empresa será adquirida
por outra, colocando em risco a sua permanência no emprego.
Como você reage a cada uma das situações expostas?
As adversidades e os eventos negativos em nossas vidas não seriam
tão desagradáveis se pudéssemos interrompê-los quando eles ocorrem ou ao menos
conseguíssemos nos antecipar a eles para, dessa forma, estarmos preparados para
enfrentá-los quando ocorressem.
Vemos as mudanças como sendo negativas quando não estamos
preparados para predizê-las, quando não gostamos de suas implicações e quando
nos sentimos despreparados para os seus efeitos. Assim, um fator crítico que
afeta nossa percepção de uma mudança como sendo positiva ou negativa é o grau
de controle que acreditamos poder exercer sobre o ambiente que nos cerca ou
quando ela atende a algumas de nossas expectativas como sendo corretas e
necessárias.
O modo como as pessoas reagem ao estresse causado por uma mudança
se altera conforme a percepção própria do momento de crise. Enquanto algumas
pessoas tendem a ver primeiramente as implicações perigosas e negativas da
situação, uma outra parcela foca sua atenção na busca de novas oportunidades.
Desde que as mudanças raramente ocorrem de um modo lógico e
ordenado como muitos de nós gostaríamos que fosse, a tolerância pela
ambiguidade fica prejudicada já que a mudança passa a ser percebida como algo
não natural, desnecessário e desagradável, fazendo com que muitos se sintam
inseguros sobre si mesmos e sobre suas próprias habilidades em gerenciar a
incerteza.
E um dos itens que mais contribui para a incapacidade de tolerar a
ambiguidade e as incertezas é a forma como lidarmos com a adversidade pois
geralmente adotamos o modelo social baseado no drama, que é a manifestação de
mecanismos de defesa como: negação, distorção da realidade, frustração e
desilusão, o que chamo de viver no “piloto automático” já que as respostas que
damos às incertezas são sempre as mesmas.
Já a pessoa que sabe lidar com a adversidade é vista, geralmente,
como alguém fria, o que é uma percepção enviesada da situação pois como ela não
gera respostas baseadas em drama, pode ser vista como fria, calculista e
desprovida de emoções. Na verdade, essa pessoa possui emoções e sabe lidar com
as adversidades, ela apenas não se deixa contaminar pelo inconsciente coletivo.
É a própria presença da
adversidade que propicia o surgimento de soluções criativas para a adaptação.
Isso significa que, diante da adversidade, certos indivíduos mobilizam um
conjunto de recursos dos quais, muitas vezes, não tinham consciência anterior
ao momento do enfrentamento, cujo efeito
é potencializador do crescimento e enriquecimento pessoal e que, na ausência da
adversidade, não teriam emergido.
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